10 dicas para melhorar a saúde mental na terceira idade

No calendário das campanhas mensais que promovem temas ligados à saúde no Brasil, o Janeiro Branco é dedicado à conscientização sobre a saúde mental. Com características específicas no que se refere a comportamento e funcionamento do organismo, a terceira idade atrai a atenção dos especialistas. Quadros de depressão são muito comuns nesse grupo. 

A psicóloga e psicanalista Araceli Albino chama a atenção para a importância de se viver o presente, sem dar demasiada atenção ao passado ou ao futuro. Priorizar o agora ajuda a manter a mente em dia, o que, por conseguinte, impactará também no corpo.

— Cuidar de si não é só ir ao médico. Você está cuidando de si quanto menos precisar ir ao médico — frisa Araceli.

Para o psicólogo Vitor Friary, o fundamental é quebrar um eventual ciclo de constante reclamação e negatividade. Prestar a atenção aos eventos de cada dia é um exercício interessante, segundo ele:

— O que aconteceu hoje que foi bom? O que foi uma boa notícia? É uma atividade simples que altera de forma imediata o nosso humor. Agradecer pelas coisas boas traz uma melhora na perspectiva de vida. A depressão, no idoso, se alimenta desses processos negativos de reclamação e crítica.

Confira, a seguir, 10 dicas para melhorar a saúde mental de quem está, especialmente, na faixa etária a partir dos 60 anos.

1. Viva bem cada fase

Não se prenda tanto ao passado nem fixe o pensamento no que ainda está por acontecer. A psicóloga e psicanalista Araceli Albino recomenda:

— Cada ciclo da vida tem uma beleza, coisas para viver. A maturidade permite viver com mais clareza, aproveitar, usufruir. Ninguém tem bola de cristal para saber quando vai morrer. Pode-se ter idade avançada com qualidade, cuidando do corpo, da alimentação. Tenha disponibilidade interna, permita-se usufruir das coisas que estão aí para serem vividas.

Araceli destaca que é comum repetir e até intensificar os mesmos comportamentos e travas de sempre: aquela pessoa que só trabalhou, só cuidou dos filhos, só abdicou das coisas.

— As pessoas ainda estão aprisionadas naquelas regras e deveres. Tem que tentar romper com isso e viver o momento atual. Não acelerar nem desacelerar o tempo. Do real ninguém escapa — comenta Araceli.

2. Evite a solidão

As poucas interações sociais e o isolamento potencializam quadros depressivos. É fundamental se encontrar com familiares e amigos, frequentar locais públicos e ao ar livre. Deve-se insistir com aqueles que apresentarem mais dificuldades. 

— Muitas vezes, aquela resistência inicial é o próprio sintoma da solidão, da depressão ali presente. O idoso em fase mais avançada de vida pode dizer que se sente mais confortável em casa. A família tem que ficar muito atenta — orienta o psicólogo Vitor Friary.

3. Largue o celular

A internet e as redes sociais facilitaram incrivelmente as comunicações, mas nada substitui o contato presencial. Não use o celular em demasia. Essa fixação pode roubar tempo de atividades mais saudáveis, como sair de casa e ter contato com outras pessoas. 

4. Tenha um hobby

É fundamental preencher os dias com atividades significativas. Friary ensina que se deve aumentar o nível de felicidade com tarefas e passatempos que proporcionam alegria e satisfação.

— Podem ser coisas simples. Um hobby que foi deixado de lado e é recomeçado ou um hobby novo. Artesanato, mesmo que eu não seja tão bom nisso. Jardinagem — sugere o psicólogo.

5. Sinta-se útil

Para quem está aposentado e ainda encontra dificuldades para se reorganizar na nova fase da vida, o voluntariado pode ser uma boa opção. Integrar-se à comunidade, ter senso de propósito e se sentir útil, mesmo que de uma maneira muito simples, são iniciativas reconfortantes e necessárias.

6. Cuide da saúde física

Não se pode pensar em cuidar da mente sem que cuide também — e muito bem — do corpo. Pratique atividade física regularmente. Movimente-se. Pense em atividades que você gostaria de realizar. Experimente novas opções, conforme a disponibilidade. 

— Caminhada, ioga, exercícios aquáticos. Isso não vai somente melhorar a saúde física, terá também efeitos positivos no cérebro, reduzindo depressão e ansiedade, além de introduzir a pessoa em um grupo — resume Friary.

7. Alimente-se de maneira saudável

Um hábito bom puxa o outro. Se você comer bem, de forma equilibrada, terá mais disposição para praticar exercícios. Avalie a qualidade da sua alimentação e se organize para ter uma dieta rica em frutas, legumes e verduras. Se precisar de ajuda, procure um profissional de nutrição.  

8. Durma bem

Uma boa noite de sono é imprescindível para a saúde e a qualidade de vida. Diversos fatores, entretanto, podem contribuir para um sono pior na terceira idade. Entre eles, estão componentes fisiológicos, características comportamentais e comorbidades. Se você não desperta com a sensação de estar descansado, é preciso melhorar suas horas de repouso. Coloque em prática a higiene do sono (preparar-se e preparar o ambiente para dormir). Caso seja necessário, busque auxílio profissional. 

9. Estimule a cognição

Coloque a mente para funcionar com jogos, livros, filmes, conversas, interações sociais.

10. Medite

Práticas como a da meditação e da atenção plena (mindfulness) têm demonstrado bons resultados para a melhora do bem-estar emocional na terceira idade, aponta Friary, que coordena uma clínica de redução do estresse e tem grande parte dos pacientes nessa faixa etária.

Fonte: GZH Saúde